Os leitores que se lixem
Por Nanaco
O Globo hoje deu uma página toda pra pisar e rodar o pé sobre o deputado que ousou dizer para um sagrado jornal que está se lixando para a opinião pública. Antes de nos indignar por completo, precisamos debater de forma séria o que, afinal, é essa tal opinião pública. É a que faz a pauta dos jornalões ou a que norteia a convicção da população? Porque as duas não andam se encontrando muito nos últimos anos. Ok. Esse é outro problema.
O que quero destacar de curioso é que no mesmo Globo de hoje há uma matéria com o digníssimo, sapientíssimo guardião da Constituição e dos direitos fundamentais da peçonha humana, presidente de tudo, ministro Gilmar Mendes. Lá ele diz, em bom vernáculo, que está se lixando para a opinião pública. Por que não provocou a ira do mesmo jornal? Será que essa opinião pública a qual Mendes finge ignorar não é exatamente a mesma opinião que recheiam os jornais? E aí voltamos para a questão do parágrafo anterior. O que, afinal, é essa tal de opinião pública? A minha é que não é.
Opinião pública pode punir deputado
Após dizer que está se lixando para a opinião pública, o deputado Sérgio Moraes (PTB-RS) pode perder a relatoria do processo contra Edmar Moreira (sem partido-MG), o deputado do castelo, no Conselho de Ética da Câmara. Para integrantes do conselho, Moraes se excedeu ao defender e absolver Edmar antes mesmo de qualquer investigação. Página 3
Gilmar: juízes têm de enfrentar opinião pública
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Não é difícil concluir que Dantas é o maior mafioso de nossa história republicana, já atingindo proporções cinematográficas. O banqueiro já virou uma instituição, parasitando a máquina estatal a revelia do grupo político que a detem.
Tamanho é o número de parlamentares e lobistas que em sua mão comem e considerável é o comprometimento de instituições dentro dos três poderes que a ele são subservientes que chega ao ponto onde extrai-lo da máquina seria o mesmo que arrancar-lhe um pulmão; não a mataria, mas sem dúvida a deixaria debilitada, vez que já incorporada em sua praxe a figura do banqueiro mau caráter provedor dos picaretas - que não são poucos - que dela fazem parte, fazendo das relações com Dantas um vício que, apesar de pernicioso, já virou tão cabal quanto uma ida ao banheiro. A melhor opção, todavia, ainda assim é viver sem esse câncer e reinstaurar ("re"?) a moralidade no corpo da Administração Pública, em pesar dos fortíssimos anticorpos congressistas, midiáticos e judiciários que reagem em defesa de seu cancerígeno líder contra as repressivas e quimioterápicas doses protogênicas e dessanctianas.
A observação de Nassif consolida ainda mais que a nefasta influência de Dantas não possui como fronteiras os muros da dinâmica de funcionamento político do Estado, atingindo também os maiores meios de comunicação escritos do País: Folha, Veja, O Globo e Estadão, todos ligados direta - no caso da Veja - ou indiretamente a vassalos de Dantas. Serviçais como são, não podem deixar de sair em defesa de outros serviçais de seu patrão também preenchedores da trincheira dantesca, ainda mais se o capacho a ser protegido for o presidente do STF - no caso em tela, de suas próprias afirmações, feitas em momento mais do que inoportuno onde o qual a mídia está caindo em cima de um deputado justamente pelo fato de ter dito que não dá atenção à opinião pública -, peça estratégica na precípua defesa do dulce orelhudo. Engraçado o efeito que Dantas, através de Mendes, causa sobre a opinião dos grandes meios, impelindo-os a fazer contorcionismos circenses como esse.
Quem está com Dantas não vai de encontro à opinião pública, pois a opinião pública ainda são eles que formam. Apenas na cabeça deles.
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